Ferreira Gullar
Ferreira Gullar chamou seu poema de sujo
Vai ver porque entre coisas
Falava de cu
Mas sujas são as bocas que mentem seu desuso
Não há sujeira
Nem resquícios de poeira
Quando falamos dos lugares
Que nosso corpo usa
Do cu também vem os prazeres
Que nosso mundo deseja
Feio é viver frustrado
Sem sexo e mal amado
Nesse mundo puritano
A sujeira habita outro lugar
Como a mente daquela gente
Que vive os outros a julgar
Então Senhor Ferreira Gullar
Seu poema não é sujo não
Imunda que é a vida
De quem se entrega a frustração