ÔNAGRO.
ÔNAGRO
E a agulha injeta o soro do flagelo
É uma heroína em luta com a veia ácida
Que nada no plasma de suas alucinações
Acelera o coração de ópio e hipertenso
A realidade assume a sombra dum cutelo
Martela a demência numa parcimônia cálida
E do mundo, somente vê, as suas vaporizações.
Metamorfoseado, voa na Terra o corcel ascenso
Ônagro é voyeur da tua vândala filosofia
Onde baba sua língua na ruminaria salivar
Torna-te crack na passarela de cicatrizes
E come teus neurônios numa masmorra cerebral.
O humano já é deformado, mas avigora sua epidemia
Viciam-se nos entortes epilético a agonizar
E neste serpentear, as pupilas dilatam varizes
O caos estranho faz seu sarau,...
E a morte está no parapeito da ilusão.
O homem é o maior tóxico da humanidade
E inda quer a overdose de si mesmo!
Não se basta em ter nascido adulterado?
Busca a covarde coragem de desafiar a razão
Depila sua vergonha na insensibilidade
Vácua e dolorosa é sua vida de tenesmo
Onde fuma o cachimbo dessa paz de mau-olhado.
A luz de toda escuridão é o cemitério
Não compre seu ingresso no cambista
Nenhum ás, ainda, decifrou nosso mistério
Preserve suas entranhas, desse vil oncologista.
CHICO DE ARRUDA.