LETRAS DE MAU GOZO.

LETRAS DE MAU GOZO.

E por cada noite que me passa a vida, a exânime viva

Ri com escárnio do conjunto tosco que cultiva.

Respira pelas brânquias olfativas a espécie seresma

Que condena à saúde o vírus asilada em ti mesma

Habita a Terra, essa pocilga de reis ratos dos esgotos

No panteísmo aldrabo de herança vil dos homozigotos!

Meus vocábulos são porcas frouxas em parafusos,...

Garranchos anatômicos que embelezam o escabroso

Que escarva os sulcos de conhecimentos abstrusos

Onde peçonhentos dedos, desenham letras de mau gozo

Tal qual a fauna bacteriana da língua gosmenta

Que cospe a invenção dos fatos na bandalhice nojenta

Na alcova desgraçada de sua hereditária decrepitude!

Molécula cavernícola, serva dessa ilha de raios arguta

Dos subterrâneos, vôo ao desterro dessa imbecil juventude

Que expõem cérebros aos ditames dessa sociedade prostituta

Onde saliva a genuinidade dos cães aos pés de justiças secundinas

Ledo infortúnio detém a natureza humana dentro de suas latrinas!

No álcool que ama meu fígado secreto o suor da minha bílis

Como nos prazeres televisivos do alto escalão do meretrício

Donde alinha corpos como molde ao novo modelo de jumento

Fumo o meu cigarro alheio à propagação dessa sífilis

Cadaveroso fisiculturista que se suicida no próprio vício

Desuso esse artifício, e não uso a bunda para prover meu sustento!

Perfumado num corpo pestilento, escarro na cara da morte!

Meu esperma é destituído de talento, sou um homem de sorte

Larva que prolifera em larva tem o autonomismo das desgraças

Visto que as feras, ainda, têm o amancebo com as massas

São chagas manifestadas pelos ódios às todas as existências

E não há antídoto contra as nossas violências.

Espeto a carne dos meus irmãos nos churrascos

Como a solitária de seus cadáveres dissecados no gancho

Babo no sal grosso todas as enzimas dos carrascos

Herdo a hidrofobia desse canibalismo como humano ancho

Comemoro o genocídio, descabaçando-me a todo natal

E mantenho virgem, a vergonha de ser muito mais animal!

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 30/10/2013
Código do texto: T4547973
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