TUDO É NADA DE MAIS.
TUDO É NADA DE MAIS.
A pá de cal aguarda-me com as vascas do gáudio
A loca já feita há muito, é barro assentado
O coveiro envelheceu, a necrópole é metrópole
O luto é démodé, as velas iluminam um nada
Mas a dor continua sendo um concerto sem áudio...
E jamais me verão virando achocolatado!
Fungível,... Vou-me à outra megalópole
E doarei o que prestar para nova vida ser confeccionada.
Quando a progéria se abater em minhas carnes
Que já foram dantes desfiguradas pelo nascimento
Nada mais me restará senão letras em escarnes
Poemas de necrológios que vi a todo o momento
Quando as substâncias não mais me suportarem,...
Estarei amorfo, e peço-lhes o favor de jamais me clonarem!
Apresentei-me a esse banquete do mundo
Mesmerizado de como o violento é fecundo
E de como a ignorância resiste serendipitoso.
Quando meus ossos rangerem sem líquido sinovial
Quando o coração perder sua elegância artificial
Estarei alforriado desse sofrimento amistoso,...
Dessa terebrante existência, que me mata sem misericórdia.
Quando meu cérebro estiver preste a cerrar as cortinas
E o gêiser de sangue não mais brotar dos meus olhos
Usarei,... Desiderativo, todas as minhas forças animais
Para sorrir a todo orgulho e preconceito nessa mixórdia
A uma raça que é refém de suas chacinas,...
E que se saboreia na prepotência de seus bons molhos
Daí, saberei,... Que tudo, não é nada de mais.
CHICO DE ARRUDA.