TUDO É NADA DE MAIS.

TUDO É NADA DE MAIS.

A pá de cal aguarda-me com as vascas do gáudio

A loca já feita há muito, é barro assentado

O coveiro envelheceu, a necrópole é metrópole

O luto é démodé, as velas iluminam um nada

Mas a dor continua sendo um concerto sem áudio...

E jamais me verão virando achocolatado!

Fungível,... Vou-me à outra megalópole

E doarei o que prestar para nova vida ser confeccionada.

Quando a progéria se abater em minhas carnes

Que já foram dantes desfiguradas pelo nascimento

Nada mais me restará senão letras em escarnes

Poemas de necrológios que vi a todo o momento

Quando as substâncias não mais me suportarem,...

Estarei amorfo, e peço-lhes o favor de jamais me clonarem!

Apresentei-me a esse banquete do mundo

Mesmerizado de como o violento é fecundo

E de como a ignorância resiste serendipitoso.

Quando meus ossos rangerem sem líquido sinovial

Quando o coração perder sua elegância artificial

Estarei alforriado desse sofrimento amistoso,...

Dessa terebrante existência, que me mata sem misericórdia.

Quando meu cérebro estiver preste a cerrar as cortinas

E o gêiser de sangue não mais brotar dos meus olhos

Usarei,... Desiderativo, todas as minhas forças animais

Para sorrir a todo orgulho e preconceito nessa mixórdia

A uma raça que é refém de suas chacinas,...

E que se saboreia na prepotência de seus bons molhos

Daí, saberei,... Que tudo, não é nada de mais.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 19/12/2013
Código do texto: T4617497
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