A Chuva Escarlate
Não sei por quê
Mas quando chove minhas garras se fecham
Os olhos se abrem como janelas
E a luz pode penetrar no meu corpo sem medo
A partir daí sou feita das nuvens cinzas que me cercam
Posso me sentir dentro delas
E já não trato mais a vida como um erro
Gotas agressivas caem nos meus cabelos
Começam a enrolar os cachos molhados
Ao escorrer entre os fios, caem pingos vermelhos
Oh, que susto,
Era apenas a tinta dos meus cabelos
E fico pensando em voltar a ser o que era...
Um banho vermelho de cor
Já me sinto protagonista de um filme de terror
- e tudo se altera -
As portas rangem
Os raios ficam nervosos
E as pedras porosas que piso, machucam meus pés
O ar que respiro é terroso
Um cheiro forte de mato umedecido
E neste filme horroroso que de repente acordei
Através do olfato
E da chuva escarlate
Não me encontro
Não me consigo!
Persigo uma resposta que me afaste
Um gato salta no chão ensopado de água
Junto à um miado estridente
Minha mãe passou dentro de casa
E não percebeu quando eu lhe sorria contente
Nada mais parece corresponder
Treze minutos de horror
Até me dar conta,
Que havia parado de chover.