AUTÓPSIA DA AMBIÇÃO.
AUTÓPSIA DA AMBIÇÃO.
Abri a porta da vida e pisei em chão de pregos
Respirei a natureza, na intoxicação dos carros
Cuspi meus pulmões, na fuligem dos meus escarros
Descobri a carbonização do homem, na disputa de egos
Nós-cegos! O planeta Terra tem pneus,...
E transita, no engarrafamento de tanto adeus.
Em nossas artérias caminham petróleo
O coração se enlameou nesse vil óleo
Os raios-X,... Mostra seu esqueleto fóssil
Forjado na caverna do nosso ancestral
Numa babel de grunhido indócil
E na sua inanidade de condição fetal.
Erga-te aos céus, agradeça aos deuses-astronautas
Somos a miscigenação das galáxias
Corpos celestes sem hemácias!
Hieróglifos em linhas sem pautas
Amásios duma poligamia de valores imorais
Onde saturnais nos deleitamos em camas de currais
Regido pelo decálogo dos embustes,...
E que nenhum verme nos assustes!
Pois somos a arma mais poderosa dos miseráveis.
A natureza sempre moldou a Terra
Estamos herméticos nas fissuras vulneráveis
Na azáfama cerebral maniveladas por fio terra
Donde temos o implante da destruição
E a incapacidade de sermos amáveis com o meio.
Estudaremos essa etnogenia com anseio
Ainda veremos em holograma a autópsia de nossa ambição
Para compreender o etnocídio suicida
De uma raça espermática e refém de seu pesticida;
A janela do mundo está farta de chaminés!
A evolução não pode parir desses cabarés,...
Num clone de doenças, genealogia em sarcófago.
Saudades da sociologia tupi,...
No ovaja ovaigua, nhanderu antropófago!
Banquete poro’ua, saboreado com frenesi.
Eu cavo a sepultura da dor, em meus códigos de sobrevivência
Reverberando nas sombras que o homem ainda terá chassi
Que puxará a sua própria carroça de zumbi
Nos códigos de barra,... De sua negligência.
Posso ser um imbecil, prosaico e ignorante
Que vê o futuro nos espelhos do passado
E que é nostálgico de seus antigos semelhantes
Mas meus conceitos não foram viuvados...
Sou a revolta de minhas palavras surdas
Atrelado ao pelourinho da existência
Crendo que a ciência pode ter consciência
E nas minhas poesias absurdas,...
O meu mundo desconhecido tem raízes do mangue
Em Areia Branca escrevo com letras de sangue
Placentária, essas mãos não nasceram de cesariana
E vomito aqui,... Meu nojo pela natureza humana.
CHICO DE ARRUDA.