Marcando toca

E aquela folha se solta, se livra, se vai com o breve vento,

Se vai com o tempo como a lágrima esquecida no rosto...

Resseca, desaparece, e é esquecida, pois é consequência,

E já foi... num sopro.

O fim aparece e se disfarça de sombra,

Torna-se parte da vida, da caminhada,

Do respiro, do sono, da alegria e da raiva,

E a leva...

E o fim é assim, como um trem errado que se embarca,

Não percebendo o erro ou que não há mais nada a ser feito,

E já foi... num frêmito.

Numa tarde quente de verão,

O Fim decidiu ter um novo começo:

Largou sua labuta, seu fardo,

Sua maleta cheia de agonias e acasos;

Largou suas metas, suas retas que mais pareciam curvas,

Suas negritudes e suas alvuras...

E uma folha que já estava se tornando pó,

Reconstituiu-se,

Tornou novamente folha seca,

Levantando voo do chão,

Como se voltando no tempo,

Regressou à árvore e encaixou-se no galho,

Ficou amarelada, alaranjada, esverdeada,

A seiva percorrendo seu corpo,

Como sangue novo

E tornou-se novamente moça...

O solo junto com a vida (marcando toca),

Perderam seu adubo.

André Anlub®

(5/8/14)

Site: poeteideser.blogspot.com