bebo da realidade e morro vomitando
meus desastres me escorrem pelas pernas
mais que o gozo da noite passada
minha volúpia se mantém impregnada
num plano onírico e tangente
em Marduk
em essência poética das mulheres escorraçadas
por Bukowski
após a foda
das enganadas por Vinícius de Moraes
após as juras de amor eterno
ninguém paga minha insalubridade
imanente
no final do mês
mas se permanecem imóveis
ante minha patogenia
é porque transcendem
com a nocivez
meu calendário
nenhum astrólogo consegue definir
e o lastro do meu mundo
cosmogonia nenhuma
é capaz de descobrir
minha alma se resume
na fadiga envolta em sentimentos
ambivalentes
na esquiva do suplício
que me é carregar o fardo
dos sedentos de amor
cuspo todos os dias
os quocientes inúteis
das minhas abstrações
e do lirismo exacerbado
que salta aos olhos
e obstrui as veias
me resta apenas o refluxo
do tédio a que tudo se resume
me resta beber da realidade
e morrer vomitando