bebo da realidade e morro vomitando

meus desastres me escorrem pelas pernas

mais que o gozo da noite passada

minha volúpia se mantém impregnada

num plano onírico e tangente

em Marduk

em essência poética das mulheres escorraçadas

por Bukowski

após a foda

das enganadas por Vinícius de Moraes

após as juras de amor eterno

ninguém paga minha insalubridade

imanente

no final do mês

mas se permanecem imóveis

ante minha patogenia

é porque transcendem

com a nocivez

meu calendário

nenhum astrólogo consegue definir

e o lastro do meu mundo

cosmogonia nenhuma

é capaz de descobrir

minha alma se resume

na fadiga envolta em sentimentos

ambivalentes

na esquiva do suplício

que me é carregar o fardo

dos sedentos de amor

cuspo todos os dias

os quocientes inúteis

das minhas abstrações

e do lirismo exacerbado

que salta aos olhos

e obstrui as veias

me resta apenas o refluxo

do tédio a que tudo se resume

me resta beber da realidade

e morrer vomitando

Keuri Caroline
Enviado por Keuri Caroline em 12/10/2014
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