A FERA E A FERA
Lembro daquela vadia
Andando na noite fria
Noite escura e sombria
Sentia se sozinha e vazia
Seguindo no meio fio
Com seu tic doentio
Em direção ao rio
Tudo confuso em sua mente
Quando avistou um delinquente
Por um instante estava contente
Perto dele ela não era doente
E muito menos ausente
O que era frio virou quente
E o sombrio ficou reluzente
Em uma cena bastante comovente
Os dois descobriram a paixão
Daquelas que batem o coração
De tão rápido causa explosão
De sentimentos e emoção
O louco deu uma piscada
E a garota ali parada
Lembrou se de nunca ter sido amada
E agora estava apaixonada
Quem diria que uma simples caminhada
Numa noite escura e enluarada
Transformaria uma vadia em namorada
Foi neste exato momento
Ao som da brisa do vento
E de um leve movimento
Que rolou um beijo lento
Com profundo sentimento
Foi este o acontecimento
Que sacramentou o nascimento
De um amor de verdade
Entre dois seres
Que não conheciam a felicidade
Pois sabiam mais do que ninguém
O que era sofrimento
E que estavam a todo tempo
Sob preconceito e julgamento
De um povo violento
Além de amor tinham amizade
Sempre em busca da felicidade
Sem jamais perder a lealdade
Aquilo era amor de verdade
Pois mesmo em meio à dificuldade
E nos momentos de abismo
Existia imenso companheirismo
Sem nenhum egoísmo
E com muito romantismo
Aos olhos da sociedade
Não era a bela e a fera
Pois aquela donzela
Não tinha nada de bela
Tanto um como o outro
Representavam a fera
Mas o casal trouxe um recado
Que foi talvez o maior legado
Que eles poderiam ter deixado
Para este povo alienado
Mesmo com todas as diferenças
Das doenças e desavenças
Eles tiveram a imensa recompensa
De serem completamente felizes
Mas do que qualquer fofoqueiro pensa