Granada interna

O nascer do sol leva embora minhas dores

Mas só estou sonhando e tudo volta ao levantar das minhas pálpebras

Mais um dia, nada a si fazer.

Eu só estou aqui, tão vivo, mas não pareço existir.

Uma porção de nada rodea meu ser e parece grudar a minha pele

E então eu me torno um nada.

Um nada no meio de um mundo onde as pessoas também não são grandes coisas

Todos perdidos marchando para um trabalho, uma casa, uma mulher tola...

Todos marchando à espera da morte, com um desejo de algo melhor...

É o que todos querem, todos anseiam isso.

Mas talvez seja só mais um sonho e todos terão que acordar

E no fim da vida nada além de escuridão

Nada além de nada

Vazio, mas a vida já era vazia...

Uma criação divina que não serve de nada

Tão conscientes e ao mesmo tempo somos tão panacas

O ego que nos rodeia-nos cega

E ainda afirmamos ser a mais bela criação

Quando na verdade somos um poço de destruição

E destruímos a nós mesmos

Como um nada eu vou completar minha missão

Eu estou me destruindo por dentro

Como uma espécie de granada que leva um tempo para implodir

Quanto tempo mais eu terei que esperar?

Quanto tempo para minha cabeça sucumbir?

João Bezerra Do Nascimento Neto
Enviado por João Bezerra Do Nascimento Neto em 04/03/2015
Código do texto: T5158112
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