Tàntaro

Valha-me, sagrada utopia!

Meus sonhos se esquivam

Entre as sombrias ruínas escarpadas

Da insólita ignorância...

Louco, o eixo sintagmático

Perdeu o centro e gira em descompasso

Entre estigmas, dogmas e paradigmas...

Um grito de estrelas rompe o infinito

Reivindicando meus raros olhares.

Pálida, esquálida, esdrúxula;

Minha pobre rima ri de mim;

Mas o meu cavalo não,

Ele relincha e ri da rima,

Enquanto eu, cavaleiro espírito...

Enlatam-me à força, para comerem

A minha morenês ao molho tártaro.

Mas tenho um pedaço de osso duro

Que sempre aparece de surpresa

E corta-lhes a jugular. Vomitam-me...

Ó senhora Dona Sângela, coberta,

Vestida de ouro e prata!

Descobriste em mim essa criança

Que dança e cai como a chuva temporã,

Escorregando pelas calçadas vivas

E se debatendo em enxurrada de espanto

Pelas escadarias do destino insensível;

Dá-me, de novo, uma migalha de sonho juvenil;

Mesmo que seja como eu, invisível e sem rosto,

Para que eu possa ver de novo

A cara da verde-folha face da esperança!

Carlinhos Matogrosso

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 15/05/2015
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