O trem e o nunca
O nunca batendo na janela da hipocrisia
água mole, pedra dura, tanto bate até que
afunda o barco que era de madeira.
Copo d’água gelado no inverno
dói o interno da gente.
Sendo assim, o café quente é pedido
na padaria que nunca entraria.
O açúcar é bastante,
tem cancela na avenida
para cuidar que vem o trem.
Na xícara tudo chacoalha
o trem vem chegando.
A cidade é toda nunca
o trem é todo além.
No nunca, há quem diga
que tudo é pessimismo.
O nunca é conforto,
dá satisfação em não ser.
[J.O.]