MEUS FUNERAIS.

MEUS FUNERAIS.

Adiante para o absurdo de escrever poemas

Valho-me da escuridão que me traz às letras.

Escrever para mim é como me olhar no espelho

Todos os dias, e sempre ter a inconsciência de quem não sou.

Os afásicos cobertos da pele humana em que se escondem

Desmontam do dia para serem servidos de comida,...

Servidores públicos da morte também têm suas algemas

E as sutilezas de nesse inferno da ordem, fazer horas-extras.

Viajam a pitonisa para ter a certeza de que o sangue é vermelho

Aos corpos calipígios secam olhares de quem nunca amou

São as vozes de um silencio de toda doença que apreendem

Fetos do preconceito e de toda discriminação enrustida.

Eu posso emagrecer,... Eu posso parar de fumar!

Mesmo sabendo que morrerei de qualquer forma

Eu posso,... Ser quem você quer que eu seja

Porem, eu jamais reconhecerei quem sou...

Ainda sou uma ferida aberta, exposta às moscas, rúbeo

Que mancha com minha cor,... A cor da chibata do branco

Essa foi a minha primeira morte. Ah o cheiro do nada!

Como é bom senti-lo apertando os botões do paletó de um defunto

Melhor que no urinar inteligente nos plintos dos monumentos

O nascimento trouxe-me esse odor, ainda quando, eu, em disfasia

Falava com meu cérebro de choro, olhava com meus olhos fechados

Para mamar todas as patologias doadas por essa humanidade.

Tu pugnas pelos teus direitos, mas veja que de ti a morte é aprisionada

Nunca se esqueça que a vida tem seu vil conjunto,...

Como soldados que marcham à sua fronteira metralhando seus lamentos

Litigando para que sua arrogância tenha toda a supremacia

Espalhando ao auditório da bravura a platéia de carnes eviscerados

Para muitos, a guerra é o melhor meio para obter prosperidade

E é aí que morro pela segunda vez. Pelo inverno do nordeste!

Não sento a bunda em poltrona de idoso, se ainda possuo saúde

A televisão é a porcaria que dita regras de conduta e de libido

Ensinam a falar errado, elegem políticos corruptos e ônagros astros

Despontam em BBB’s, programas de comer gente e novelas putrefatas

Prefiro a inteligência de ler a turma da Mônica de Mauricio de Sousa.

Alias prefiro Ângela Merkel invés de Dilma, o pôr-do-sol ao alvorecer

Prefiro, agora, me calar para não exuberar a psique no vaso sanitário

Humano e social. Tantos embustes quantificaram a inquisição,...

Por mortos de sete mil anos atrás ainda sacrificamos vidas preciosas;

Por deuses inexistentes e santos debaixo de sete palmos de terra

Ainda dobramos joelhos, pelos jovens vítimas das batinas de religiosos

Há tanta pedofilia no sacrário, que necessitamos pensar em renascer.

Pastores vadios pelo dinheiro, parabéns! O mundo está cheio de otário

Dá nojo ser irmão da mesma espécie onde a mente evolui só para a superstição

Qual dízimo chega ao teu deus?! Leia Agatha Christie e suas historias misteriosas!

Se o meu castigo é viver, que seja sob o olhar de quem aqui se ferra

E o salamurdo me retém inumado pela terceiras vez, sem a cruz dos pecaminosos.

Da fuligem do velho surge o novo sujo, onde morro dia-a-dia

Fui a todos os meus funerais e até esse tempo,... Estou vivo

Os ambiciosos, as mazelas, o apedeutismo e até a bomba atômica

Carregam meu caixão, mas de dentro ainda sinto o cheiro da disodia.

É chato viver e não morrer,... É como se a terra-benção te liberta cativo

Mas cruelmente, mesmo morto, terá clones de sua vida genômica.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 07/10/2015
Código do texto: T5407849
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