SEM CHAVE

Sutilmente tomou-me as chaves.

Todas.

Abriu-me as portas do coração

e deixou-me lá, bem na sua torre.

E vem quando quer.

Tem bonança, tem tempestade.

Tem carinho, apertos, difamação,

frustração, calma e felicidade.

Meu lago, sereno e profundo,

todo imerso em seu mar revolto.

Quero ser alento, porto seguro...

Passagem da luz no seu escuro.

Mas, não há tranças em meu cabelo.

Não há saída pro meu despeito,

só o desespero arrancando pranto

do meu olhar, negro como meu lago.

Sem o azul do seu mar revolto.