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Ela vai me usar e me prender, ela vai me roubar e me torcer, ela vai fazer eu me sentir pequeno me jogar do prédio ao subir no último andar do térreo. Ela vai esmagar meu coração, usar ele para decoração ao mesmo tempo em que mostra para as amigas e apresenta sua coleção de corações partidos e cheios de sangue em suas mãos, com rancor em seu peito e costas carregando um peso que mal consegue suportar. Ela vai sofrer e vai chorar, pois sabe que uma hora tudo se esvazia e tudo foi em vão, ela não terá amor e não terá meu perdão, viverá como uma sombra vazia no meio da noite no escuro a mercê da morte. Ela ainda significa algo para mim, mas não sei ao certo o que ela é, ela me fez caminhar até aqui a pé e foram quilômetros de distância percorridos de joelhos submisso a um amor que nunca mereceu ter ou ela reconhecer. Anestesia entre meus músculos seria a melhor solução como uma eutanásia forte da solidão sendo assim um ápice do tédio que anda na margem do meu ser quase caindo para fora. Ela que não sabe o que quer também não sabe o que quer de mim, não sabe ao certo se quer ser feliz ou usar de falso sofrimento forçado para que possa escrever versos fracos sobre romances nunca vividos ou imaginados, escrever apenas para que pessoas não sensíveis com senso ético de pobre sensibilidade lhe sigam aonde vai, mas sua inspiração é carregada dos corações partidos com sangue nas mãos, corações retirados a força no ímpeto do beijo seco, ela apenas tenta de certa forma cegar os olhos do tolo homem que lhe adora. Ela seria então como uma Mortícia? Uma viúva negra covardemente frágil? Ou uma pobre garotinha que teve seu ego ferido por outro homem tolo que não soube lhe preservar, amar, cuidar e dar aqui que ela tanto sonhava, fez dela uma simples boneca onde levava e largava onde pretendia ir, a usava como objeto de satisfação, um possível verme entre outros milhões usando de corações assim como ela faz agora. Pena desses que não apreciam a horta de bons frutos vindos do bom caráter, serão sempre insensíveis seres que ao morrem viraram apenas barro e nada mais e legado nenhum será levado a serio e será apenas mais um no cemitério.

Matheus Augusto Buarque
Enviado por Matheus Augusto Buarque em 01/02/2017
Reeditado em 26/10/2017
Código do texto: T5899372
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