Devaneio (De um Louco Qualquer)

Que culpa tenho eu se a II Guerra Mundial se transportou para minha mente e agora tenho soldados atirando em minha mente, lá dentro.

Shhhhhh, Shhhhhh, eles podem nos ouvir, não diga nada, não falem nada, não gritem, não pensem. Shhhhhh. Eles podem e não exitaram em faze-lo. Shhhhhh. Eles podem entrar em seus sonhos, em sua mente, eles já estão em sua mente. Shhhhhh. Eles te ouvem, te vêem, te controlam, te caçam. Façam silêncio pois eles podem e devem fazer com que você se sinta mal. Shhhhhh.

O relógio passa, a noite cai, o cigarro acende, a mente conta mentiras, ela mente para que eles não saibam a verdade, mas eles sempre sabem. Cuidado! Muito cuidado! O cigarro foi tragado e soltado como num suspiro de tristeza, de nostalgia e de agonia, ela se foi, a fumaça se foi e não volta mais a não ser que mais uma vez você trague o cigarro, mas ainda assim será uma fumaça diferente.

Poetas superficiais os que pensam que os olhos são apenas olhos, mas talvez eles sejam ou talvez sejam mais pois quando olho-me no espelho mesmo não vendo nada consigo ver os meus olhos olhando os meus olhos e os olhos que olham os meus olhos olhando os meus olhos e assim em uma sequencia infindável até que olham a minha alma, mas não vejo minha alma, só os olhos a vêem, eu não a vejo e isso é lamentável.

O álcool que se dissipa em meu sangue deixa-me embrigado, mas o que mais faz com que eu fique paralisado é o medo, o remorso, a agonia e a ferida que não é aberta há tempos. Mas sou um louco, um inconsequente, um demente doente, mas não sou isso ao mesmo tempo. Sou e não sou, assim sou eu, assim é o ser humano que não se pode mais ser chamado por esse nome.

Splash! Mergulhei em águas profundas. Splash! Sinto um leve frio na corcunda, sinto um leve arrepio na coluna. Splash! Não sou mais o que era antes. Splash! Sou um breve viajante. Splash! Agora sou redundante. Splash! Tomo remédios para manter-me bem. Splash! Voltei a ser um refém.

Pam! Levei um tiro, tiro seco e tiro certeiro bem no meio da testa, não estou mais consciente. Pam! Estou ausente, estou dormente. Shhhh, eles ainda podem ouvir. Splash, ainda caio em águas profundas.

Shhhhh, splash, pam. A guerra em minha mente está longe de acabar. Agora salvem-me com palmas, tenho a vitória em minhas mãos. Pam! Acabaram de atirar nela e eu perdi a vitória, não a tenho mais, não está mais em minhas mãos. Adeus vitória, olá derrota. Lamentações.

Tranquilidade! Essa palavra foi banida do meu dicionario particular e hoje me dói falar sobre a mesma pois não a tenho. Detenho, retenho uma tristeza incontável pois não se conta tristeza, mas conta-se cicatrizes e as minhas também são incontáveis. Vou. Fui. Cheguei. Contei. Demonstrei. Analisei.

Oh grandes apartamentos, vazios são o seu interior e o fedor de solidão que exalam é sem sem igual; splash, encontrei uma piscina, joguei-me nela, mas percebi que era na verdade o mar e então joguei-me sem querer em águas profundas e agora afundo em um poço sem fundo, sem tamanho e sem forma. Insípido feito eu.

Isso queima feito acido sulfúrico e eu estranhamente me agrado com tal sensação, sentimento e desalento. Está tudo bem. Estou queimando-me aos poucos, mas o que tenho desejo é de queimar-me por inteiro. Sigo por essa estrada de destruição, de autodestruição, não conformo-me com isso, mas não tenho outra escolha, na verdade tenho, mas não a vejo, a vejo, mas não a alcanço, e isso é o que realmente define-se minha insipidez, minha rigidez, minha estupidez, meu eu, meu seu, meu paraíso negro e sarará feito meus demônios e devaneios.

E a guerra não para, continua…

Insípido feito eu.

David Alex
Enviado por David Alex em 10/02/2017
Código do texto: T5907903
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