Pequena Cela

E nas paredes da pequena cela,

Onde a única paisagem que possuo é pela janela,

Estão marcados os pecados que cometi no passado

E como uma alma despedaçada,

Nesta cela eu sou julgado.

É nesta pequena cela que me lembro, todo dia, de meus erros

Feito um passarinho, preso entre espinhos de medo

Minha vida se evapora toda vez que o sol vai embora,

E a paisagem através da pequena janela é sempre a mesma

Não sei mais quanto tempo faz desde que vi um rosto de criança

Notei que estava ficando louco quando me esforcei para relembrar,

Mas me esqueci da minha infância

E a minha esperança é que a fome me enfraqueça,

Que eu morra antes que a monotonia me enlouqueça

Nesta pequena cela, onde vejo o mesmo concreto, me torno cego.

Os meus pensamentos ganharam vida própria

Eles me dizem para me enforcar, ou me corta

Não há um arco-íris para me levar para longe,

Até um pote de outro, cheio de deliciosos bolos de chocolate.

O guarda que escuto se aproximar, um dia foi pequeno

Eu me lembro dele, não há como me esquecer dele me observando,

Por entre as barras, o meu sofrimento

Hoje ele já é adulto, mas eu não sei mais quem sou

Ele se aproxima, digam-me, pensamentos, para onde vou?