MONOLOGO DE UM IGNORANTE.
MONOLOGO DE UM IGNORANTE.
Choro só em meu quarto acima
Abandonado nas visões de um futuro sombrio
Por vezes aparentamos felicidade e beleza
Para disfarçar a monotonia e a tristeza
O mundo já está demais contaminado com o vazio
Não podemos desesperançar a jovem obra-prima.
A humanidade necessitará de mais humanidade para sentir
A selvagem sociedade a de desacostumar-se a destruir
A matar, a odiar e de ser injusto e ganancioso
Menos guerras e mais doutores da alegria!
Que o fútil homem não se envergonhe de ser mais amoroso
A Terra já é o cárcere de tanta agonia.
Crianças e mulheres abandonadas, baleadas, assediadas e escravizadas
É o troféu mais indigno do auge da baixeza dos racionais
Avançamos a uma tal educação limítrofe entre anormais e bestiais
Mas essa inteligência foi construída por certezas barganhadas
Safadas, comensais canibais à busca de vantagens
Que desde o berço aprendeu o valor das sacanagens
Que o proveito próprio é um ato de direito!
Mas que é intrínseco seu caráter mal, e com defeito.
Psicólogos e psiquiatras querem estudar as nossas demências
Não se muda a lógica de seu habito com o marginal
Àquilo trazido das entranhas de suas desconhecidas violências
Depois aperfeiçoado na convivência com o débil mental
E ainda com leis que absolvem o errado e a ele se vende.
Antes tínhamos câmaras de gás e câmaras mortuárias
Hoje temos as câmaras dos deputados que poderiam ser penitenciarias
Antes vislumbrávamos esperança em dias melhores e progresso
Hoje temos ali-babás e seus ladrões no congresso
E com as mãos para o alto, o povo se rende
Se envenena no leite com soda caustica e na carne estragada
No rio-esgoto, no peixe com mercúrio e no tomate baleia
Nas empreiteiras o carro-chefe é a compra do homem putrefato
E ele é leal à essa vossa excelência de bicho-rato
Pois é da mesma laia da quadrilha que nos assalta e nos saqueia
Precisamos nos libertar dessa colônia de gente que não vale nada.
Um dia a humanidade será livre! Livre de nós
Porque seres vis só podem se esconder dentro de suas mentes
No labirinto de suas feitiçarias e no plagio do pensamento igual
E na disposição em aplaudir uma cultura de nanismo intelectual.
O temor por um hodierno iluminismo nos tornam podres sementes
Aonde o parasitismo continua a nos escravizar feroz
Como os filhos de amantes de rainhas coroados reis
Como num Parish Eden, no sangue derramado para enriquecer uma cruz
Como os negros açoitados e gays assassinados por suposta ética
Presentemos com bandeiras mães órfãs de seus filhos
Somos o dolo de um cinismo de conduta que teima em renascer
Como um burro que acha o outro asno mais inteligente
E toda essa carniça viva é um conjunto social de democráticas leis
Gerenciadas por filhos de filhos de doutores,... Doutores urubus.
Essa sociedade finada prioriza valores de natureza cosmética
E não é de hoje que bundas, peitos e pintos são cultuados desde novilhos
O mais importante é estar nessa moda para não enlouquecer
Digo-vos em verdade que o homem é melhor, diferente dessa nojenta gente.
Virá o dia que o homem criará homens!
Tomarão vacinas aplicadas por veterinários humanistas
Serão abatidos com piedade para não ofender crenças
Em outros céus exploraremos outros mundos menos egoístas
Onde homens darão à luz de seus abdomens
E onde nessa mecânica genética não haverá doenças
Jamais nesse espaço existirá rico, e pensando como mendigo
E o que irá te fazer díspar será o teu ciganíssimo de ideias.
A ressurreição só virá quando realmente nos tornarmos brilhante
Aí sim vale a pena! Por enquanto ainda estamos em experiência
E é necessário a morte para quem sabe acertarmos a receita
Somos pagos com vida para ascender a outro tipo de evolução
Pois os deuses, por ignorância, sempre foram o nosso castigo
Os fenômenos naturais e a cosmologia nunca nos deram férias
A espécie desaprendeu, com sua arrogância, que daqui é um emigrante
Que busca a resposta do incompreensível no temor da penitencia
A perfeição da natureza não é bem vista por gente de visão estreita
E muitas delas, por oportunismo, lucram com esse tipo de alienação.
Sempre penso que sou bem menor do que sou e do que quero ser
Me lembro disso a todo momento para não ofender quem pensa ser maior do que é
Se vivo minha vida num precipício shakespeariano dentro de um cabaré
Não serei eu a ti demover da abstração de que tu és um ser significante
O tempo me-é insuficiente para perder com brigas quando a matéria a de envelhecer
E esse, tal, tempo me ensinou a dar valor às tolas lagrimas, à um sorriso ignorante.
CHICO DE ARRUDA.