HIGIENIZANDO MINHA BURRICE.

HIGIENIZANDO MINHA BURRICE.

Vai-te douto pensamento instruir-te noutras eras

Aqui o vazio sempre será farto de vida e profundo

Deuses de gelo fecundo de orgulho são desta estação

Eles não se olham mais, se respeitam como feras

Mutilados de coragem vestem-se como mais um imundo

E a Terra torna-se um hospício, onde o universo é seu caixão.

O homem tem um coração frio e forte, como um diamante

É especialista em causar dor, mas ignora que nesse processo

Mesmo que alguém o odeie, deixe-o odiá-lo, ele traz suas dores

O tempo tem seu próprio tempo, e insistentemente é contagiante

O isolamento não é um retrocesso, ele é a base para o sucesso

No fim, te trarão à vida novamente, e em vez de dores, talvez amores.

Aos deuses cadavéricos dos campos de concentração, eu peço perdão

Outros deuses mutilados, com as mãos cheias de pus, andam pelo chão

Escravos dos seus fantasmas tapam as belezas em campos de tristezas

Içam suas glorias num lugar de perdas e lutos, e as têm, como suas altezas.

Cuspa na sua mão e lave sua cara, com cinzas faça sua higiene matinal

E perceba que todos os deuses, nascem de vestíbulo vaginal

E se ainda se achar superior, veja o que tem dentro de ti, na privada.

A vida sempre foi dura, viver é uma lição aprendida dia após dia

Não adianta livros e conselhos, toda certeza sempre será expirada

Somente a degeneração cabe a piedade, a essa, somos respeitáveis

E em algum momento o homem terá a resposta para essa feitiçaria

Pois em toda espécie evolutiva, há sabedorias, mesmo às mais desgraçáveis.

Por vezes encontramos as pessoas certas que nos decepcionam

São nossos pedagogos desse maior experimento destrutivo

Amizade e traição são amantes nesse efêmero oceano de espaços

Alguns valores são barganhados por outros que os humanam

Assim sabemos que nossos super-heróis têm a pureza do primitivo

E achará à frente que o respeito e a simpatia, têm nós, invés de laços.

Aos que me odeiam me escarnecem e aplaudem minhas derrotas

Digo-vos que nada fiz para merecer tanto amor e afeição

Muitos gênios foram atraídos por minhas inúmeras naturezas idiotas

Sempre vaguei entre as pessoas me divertindo com minha solidão

E este universo nunca me fez filho de uma só razão e de toda mesmice

Ninguém é tão burro que não tenha nada a ensinar, nem se for, sua burrice.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 03/08/2017
Código do texto: T6073585
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.