CONFORTÁVEL HOSPÍCIO.
CONFORTÁVEL HOSPÍCIO.
No final que deixem uma moeda em cada olho, Caronte
O barqueiro precisa de paga, afinal é mesquinho igual
E é a honra ufana para o patife que não mereceu valhala.
O mundo caminha buscando atalhos, construindo pontes
Reverbera sua inteligência em orgulhosas filosofias animais
Segrega-se, distingue tribos e reside hoje em modernas senzalas
Paralisa-se em seu sisifismo achando-se donos da mudança
Mas é pouco, filhos de Hades e Perséfone em seu mundo ctônico!
Remédio contra-indicado está caçando cura para nossas doenças
E o veneno não ventila que é o verdadeiro doente da sua semelhança
Primitivo e supersticioso o macaco guturaliza mnemônico
Sabe-se que tudo que te pertença transformar-se-ão em nossas sentenças.
Álcool, prostituição, drogas, bandidagem, escravidão e vícios
É nosso cotidiano violento desde os primórdios da existência
Temos o prazer de ferir a nós mesmos e outros iguais
Vendemos-nos, nos roubamos, barganhamos a vergonha nos comícios
Fantasiamos ser a terapêutica presos por toda essa violência
E o assistencialismo ainda paga honorários para alguns defeitos morais
São os votos para essa tal cura que torna e elege o humano, em bestial.
Nesse confortável hospício os doentes tratam dos psiquiatras
E eles, juntos, prendem em camisa-de-força o direito das vítimas
O assoberbado tribunal faz a leucotomia na justiça social
Trata o saudável com o choque insulínico em leis ególatras
Mas nada mais são do que o elo com suas raízes legítimas
As mais más que fazem a sangria na liberdade de uma pseudo-democracia
Nada mais são do que sonderkommando higienizando sua própria gente.
O lixo do universo se envergonha de nós com sorrisos políticos
Sabem que essa biologia rudimentar necessita aperfeiçoar sua engenharia
Temem que essa capacidade destrutiva migre para outro ambiente
E um dia, adotará medidas,... Para que os racionais não se tornem míticos.
CHICO DE ARRUDA.