EU VI.
EU VI.
Pela vida que me mata, vi homens querendo ser deus
Deuses em corpos de animais, astronautas de horóscopos
Deus está no picadeiro! Deuses-homens animais.
Vi tanta religião que assassina,... Li tantos livros que emburrecem
Comi em porcelanas que empobrecem que quis um dia entender
A qual amanhã o homem, será homem para pedir o seu perdão
E serão tantos deuses de joelhos em premiada delação.
São tantos cérebros de papagaio, que vi juízo na cabeça de malucos
Anões querendo ser gigante, Chico de Arruda querendo ser Einstein
Joãozinhos com feijões mágicos sobem num céu onde muitos são nada
Rezam para a terra que não ouve, sacrificam vidas para a vida que não há
Para os céus que cria não dá! E para chips querendo aprender a amar.
À noite faz a sua fotossíntese na minha humana condição
Onde óvnis montados em cavalos são mais reais que nossa laicização.
Eu vi a inteligência na psiquiatria, igrejas ensinando o preconceito
Nas escolas perde-se a educação, em bibliotecas esquecemos a imaginação.
Vi o brasileiro querendo ser estrangeiro quando o político é o seu ladrão
Assim como a justiça trocada por dinheiro, vi mentira na presença do decoro
A indecência ser o exemplo que inspira,... O poder e o ódio tendo um bom namoro
E o homem continua a pensar com seus supositórios
Com a imagem e a semelhança de seu respeito, lavado em mictórios.
Meu cérebro criou calos de tanto pensar, gerou seus tolerantes amigos de inveja
O intelecto se deixou escravizar e sua miserabilidade clonou bocas de boteco
Onde Robin Hood agora é boneco, nas mãos dos vermes que vareja.
O princípio é um estado de catatonia com colorida escuridão
Você sabe de muitas coisas que ainda não sabe, mas mastiga sua decomposição
E se um dia puderdes ver o negro, além do azul do céu
Enxergará a grandiosidade da sua insignificância.
CHICO DE ARRUDA.