DESNUDO.

DESNUDO.

Conheço pessoas que não queria conhecer

Vivo épocas que nunca vivi

Leio livros que ninguém lê

Tenho irmão e irmã que não consigo esquecer

Reconheço as vozes que nunca ouvi

Vejo a morte aonde ninguém mais vê

Durmo em florestas que cansaram de existir

Eu vejo ladrões se tornarem políticos

A desonestidade procura abrigo

Beijo a boca que não para de sorrir

Convivo com os normais, tão paralíticos

E quanto mais longe eu fico, mais corro perigo.

Como a carne vacinada, o veneno está à mesa!

Quantos filhos dos conventos mortos

Quanta vergonha abortada da verdade

As vezes a paz tem um tedio salutar como defesa

Algum refresco que não perturbe a guerra e seus confortos

O homem se enforca na sua barbaridade

E hoje vive da máscara da sua nobre etiqueta

Despreza que estará refrigerado e roxo e forte

E nos falsos deuses-ídolos, os fracos dominam o planeta

Onde a agulha do Sul encontra seu Norte

E aonde estudei deuses que pecaram mais do que eu

E é aonde vejo gente morta,... Assim como eu.

Amo uma filha que é impossível descrever

Me lembro que amigos só são possíveis se conviver

E que o remorso da perda nunca a de se extinguir

Assim renasço do meu submundo!

Como da mãe que nascemos em outro mundo

Como do dia que um dia foi noite a colorir

Como do branco que se fez rei com o chicote

E como de um céu que nunca foi azul.

Sou um parágrafo sem fim!

Intermináveis exclamações com reticencias

E eu trago gente morta demais comigo

E é por isso que estou,... Constantemente nascendo.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 10/08/2017
Código do texto: T6079258
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