Era vermelho

Vermelho.

Era vermelho o sangue que escorria por entre as rachaduras.

Um muro. Decadente. Sem sentido.

No fim.

Um absurdo escuro e aterrador.

Não podia sentir mais nada.

Não queria sentir mais nada.

Sentir.

Quantas vezes é preciso morrer por dentro, pra sentir alguma coisa?

Sentir o limite da dor. Carregado de angústia e desespero.

Era uma visão turva da realidade.

Era uma dor dilacerante. Não se podia suportar.

As rachaduras traziam lembranças de que a vida, às vezes, é mesmo essa agonia asfixiante.

Vermelho,

Era a mancha na minha paz.

Vermelho vivo.

Que me matava,

Aos poucos.

Enquanto eu não podia sentir nada.

Eu adormeci. Eu despertei.

Os dias passaram,

Passaram pesados sobre mim.

E ainda uma visão turva da realidade.

Meus olhos que viram tudo.

Meus olhos que não me deixam mentir, ou mentem por mim.

E pelas rachaduras da minha alma, escorria um sangue vivo.

Que me matava,

Aos poucos.

Era vermelho.

Thaís Carmo
Enviado por Thaís Carmo em 29/10/2017
Reeditado em 11/02/2019
Código do texto: T6156131
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