CONFORTÁVEL HOSPÍCIO II
CONFORTÁVEL HOSPÍCIO II.
Sê bem-vindos ao lar dos escravos das galáxias!
Às várias fases de uma salutar loucura
Aonde a outra face do universo que nos vê
Contemplam a ignorância dos que não sabem o que são.
Expostos em vitrines dimensionais cá estamos
No subterrâneo do nosso arcabouço moral
No espaço de sua inútil bussola e seus códigos de desgraças.
O humano cria suas miraculosas formulas de ser especial
De aparecer, transparecer e ascender, mas é descartável
E mal sabe que o tempo é a maior criação universal
Na voz de sua eterna noite, os especiais ignoram que são mutantes
Nesse silencio, recicla-se o bom e o mau, e é onde se nasce e se morre.
Sou alien, passageiro dos tempos, filho do caos
Minha genética antiguíssima foi registrada no códex dos mundos
Faço a colheita nas curvas dos abismos de sãs seivas
Àquelas que gerarão novas formas de vida menos nocivas
Que habitarão outros planetas recuperados da destruição
E sei que também um dia, hei de ser colhido.
Somos uma bomba dentro de um barril
Pequenos demais para crer em coisas grandes
De origens seculares sem espaço para deuses dentro de ventre
O homo sapiens na sua escravidão sideral é vaidoso até no caixão
Ignora o desconhecido por um ser um preguiçoso cerebral
Adquiri um tal conhecimento espetacular e despreza outras possibilidades
São celebridades sem neurônios, quasares sem brilho
Com muito amor da sua alegria ser repleta de tristezas
Se amarra a um ódio, sem saber, da sua inútil ciência.
Com DNA miscigenado fluímos de tubos de ensaio
De uma energia que advém de uma física extraordinária
Em outra vida galáctica aonde se chegou à imortalidade
Como instruir o terráqueo que não usa 5% da sua capacidade mental?!
Vive cômodo na sua alienação crendo em milagres
Demorou bilhões de anos-luz para chegarem à nossa criação
Se orgulha demais por andar em autos com combustível fóssil
Já obsoleto em outras dimensões de tão destrutivo que é
Aonde já se plana em velocidades da luz e do som
Com energia de metais não poluentes em pílulas nano tecnológicas.
Policiais cibernéticos, drones, câmeras voadoras com olhos
São a psicopatia hodierna de uma vetusta sociedade avançada
Sem postes e sem alta tensão em fios as metrópoles são mais seguras
Mudanças que vieram à tona devido a uma educação deturpada
Onde a construção de templos e penitenciaras eram mais importantes que escolas
Não há antidoto para mudar a corrupção dentro do homem
Mas há dentro do homem um sentimento nato para seguir bons exemplos
Um canto interior que detém a chave contra sua inteligência manipulada
Uma vergonha de ser sem-vergonha que para o bem ou para o mal
Isto se passa de pai para filho e vive em ti como uma doença hereditária.
A maternidade controlada é um dos pilares para essa evolução
Visto que ainda enterramos crianças mortas pela fome.
Usamos aparelhos para nos comunicar invés de investir na telepatia
Espectros inteligentes sanam suas saudades em holograma
Visualizam mapas estrelares em computadores de pulso
Sem pilhas, sem fios, sem cabos, sem rádios e sem via satélite
Apenas com um simples implante de um chip subcutâneo
E sem técnicos e operadoras gananciosas para te enganar.
Nesse lugar onde as cidades flutuam no ar
Descobrem e curam-se as doenças em câmaras cilíndricas
Membros e órgãos robóticos operam e adaptam-se aos novos modelos
O tempo, como sempre, faz a cirurgia no prazo de validade
Mais o novo ambiente já possui sua fonte de rejuvenescimento
Vive-se milênios, sem clones e sem criopreservação de espermatozoides
E o homem tornar-se-á seu deus, pois também poderá sofrer as dores do parto.
Para quem veio da agua percorremos um longo caminho
Mas ainda há um mais longo a explorar, a nossa inteligência ignorante
As bases fincadas nas consciências através das bocas dos desconhecimentos
Das invenções, dos boatos, das crenças propagadas de geração em geração
Que somente geraram lucros aos ambiciosos, deixando a guerra para os fracos.
A Terra é um cemitério de carnes e ossos como também de burrice zumbi
Desnecessário adubo orgânico da mais fértil de todas as criações
Nesse meio tanto brotam-se as flores das estações como daninhas ervas
E para quem cria santos, mártires e deuses, jamais esqueçam
De que eles também são escravos deste confortável hospício.
CHICO DE ARRUDA.