Chuva Temporã
Hoje podia chover que ninguém ia chorar.
Esse sol esturricando tudo!
Secando essas dores com sal puro...
Ardendo, ardendo.
Desliza de mim pura angústia, mui aguda.
A minha dor é de tantos outros.
A dor de outros
é a minha mais permanente.
Me dói o estômago por um.
Doem mil estômagos por mim.
Doem meus mil estômagos por mil.
Dói o estômago dele em mim.
Se hoje esse sofrimento
cessasse de tardar
e precipitasse... Que chuva que seria!
Esse sol cansa, essa luz cega.
E eu quero uma janela bem embaçada
de águas chegando muito frustradas
pois não atravessam o que é translúcido,
por hoje não haver quem chova em lágrimas
por tanta chuva.