o ponto de ônibus

subi no ônibus e não tem lugar

na vida também não tem

lugar pra parar e ficar

os minutos correm

com o tempo que se dissolve

e a praça ficou longe

com os dígitos trocando

a janela anda com a paisagem

brincando com o sol que troca de lado

e a sombra teima em não levar o calor

que pinga no meu rosto

as idéias derramam-se

e se soltam da boca

como bolhas no ar

bicicleta e carrinho

mais carroça de pipoca

e o Zé da esquina vende seu milho

queria comprar paciência a quilo

e ser sábia e quieta como um lago

passou do ponto

e te vi à minha espera

olhando pro lado

de onde deveria chegar

e eu me pergunto

se algum dia conseguirei

descer do ônibus

no lugar certo!...

dalila balekjian

do livro meta morfoses

dalila balekjian
Enviado por dalila balekjian em 07/10/2007
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