Aborto

O poema dói nas entranhas

Agarra-se pra não sair

Teme latrinas

Sacos de lixo

Luz

Olhos

Ouvidos

Línguas

Urubus

Vermes

E

Elogios fáceis

Desejava ficar nas sombras

Junto aos irmãos esquecidos

Mas cede as contrações

As tolas aspirações

E finalmente decai

Escorrega da mão

No meio de um papel branco

Lambuzado com sangue

Lagrima

Suor

Cachaça

E

Fumaça

Nasceu pra morte

Pro desassossego

Queria apenas esconder-se

Ser um epitáfio na lápide pobre do esquecimento.

Alex Camilo de Melo
Enviado por Alex Camilo de Melo em 14/11/2005
Código do texto: T71463