Poesia (confissão)

A melodia é fantástica...

Pode ouvir? As notas do tempo...

Tocam e velejam...

Vão para longe... vêm para perto...

São música na eternidade...

São a prova do destino incerto...

O cotidiano é palco para a poesia...

Rabiscada em cada e qualquer lugar...

Arrancada de todos os cantos...

Eu velejo no verso e o verso é meu mar...

Escrevo errando pelas imensidões...

Imperceptível... Furtivo... Sorrateiro...

O sangue no papel; minhas impressões...

O relato de um louco aventureiro...

Erro pelos desertos e pelos oceanos...

Erro pelas montanhas e pelos litorais...

Contemplando os momentos insanos...

Enfrentando os meus piores temporais...

Passos solitários... Pegadas no chão...

Cansaço nos olhos... Cinzas nas mãos...

Sombra nos olhos... Arrepios no coração...

Há escolhas... Sim... Sempre há...

Eu posso voltar para meu porto seguro...

Mas eu não sei viver sem velejar...

E nesses mares o verso é chama...

E nesses mares tudo mais é escuro...