NAU DOS LOUCOS

Morri muitas vezes em minha vida

Pensando sobre o peito o desfiladeiro

Aplacados da costura de minha sina

De invernos costumeiros de medos.

Senti o riso frouxo se desgastar

Mesmo antes que a fome falasse

As mesmas palavras a calar

O tempo líquido a se descartar.

Me envolvi em momentos dissolventes

Em agulhas e farpas sem vestígios

De lugares onde estive vivo

Remando, restando o presente.

Que não deixava o que se pronunciar

Já nem era tempo de guardar

Lembranças como restos a voltar

Caminhava num abismo absoluto.

Já não tinha mais rosto

E quando voltava a margem

A imagem que tinha

reluzia o impulso da nau dos loucos.

Fernando Febá
Enviado por Fernando Febá em 15/02/2023
Reeditado em 15/02/2023
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