Pós-Mortem

Aconteceu ontem e ainda está doendo

Só lamento, choro e me arrependo

Não posso reclamar da minha vida

Amigos prestativos, e eu água causa dolina

Momentos sensacionais, e eu de face caída

Família presente, e nada mais que falto fui

Agora resta lamentar, entre as nuvens e as chamas

Ouvi parábolas de monastérios católicos

Vi homens e mulheres apaixonados, bucólicos

E o que consegui foram comas alcóolicos

Cólera invejosa, maldade similar infernal

Nem um amor tive pra levantar o meu astral

Do jeito que vivi isso é até natural

E apesar de tudo não entreguei meu caráter ao mau

Soube entender as pessoas, como elas jamais me entenderam

Absorvi calado meu sofrimento, que elas nunca sofreram

Fui amigo fiel confidente, e por isso me sinto contente

Pesando a vida em uma grande balança

Acho que sempre fui digno de grande confiança

Preferi ser amável a montano

Escolhi responsável a insano

Passei dessa pra melhor desumano

Nossa passagem pelo mundo é misteriosa

Estamos sendo controlados por uma força grandiosa

Comemoram bem e mal, eleutérias em polvorosa

Meu tempo acabou com todos aqueles que amei

Resta aceitar os outros que amarei

E desta vez não pode haver recaída

Nem vida sofrida

Vim só dar

Despedida.

Segundo Lipe
Enviado por Segundo Lipe em 20/12/2005
Código do texto: T88723