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O tempo me mata mais e mais todo dia

E a cada dia que passa descubro ser meu maior inimigo

Todo santo dia uma ressaca diferente igual a anterior

E as drogas já perderam seu teor

Não adianta mais chorar, gritar e nem mesmo tentar me matar

É como se cada dia fosse uma nova derrota

Nada me satisfaz, nada me da paz

É como se todos meus demônios quisessem se libertar

Para depois me afogar nas minhas próprias magoas

Estou sempre com um sorriso falso

Escondendo algo que me deixa cada vez pior

Ser quem sou é só o ápice do desastre

Cada vez um destilado mais forte

Cada vez algo mais denso

Não adianta injetar, fumar ou tomar

Às vezes parece que preferiria uma corda pra me sufocar

Meus desenhos se tornaram cada vez mais obscuros

Minhas musicas cada vez mais tristes

E meus versos apenas sobre morte, solidão e tragédias

Como se eu não tivesse mais ideias

Meu corpo anda cansado, minha mente a beira da exaustão

E cada vez mais perco o ritmo do meu coração

Foram maços de cigarros que se foram com o vento

Mas a sensação é pior a cada momento

Minha coleção de garrafas vazias é agora maior do que minhas péssimas memórias

E eu me tornei simplesmente o que sempre odiei

Um estupido alcoólatra que tenta fugir da realidade

Já não sei mais trabalhar

Já não sei mais conversar

Já não sei mais nada

E tudo se torna automático

Sinto como se estivesse ficando frágil

Até chegar na ponta do meu estopim

Pois é

São pensamentos ruins

Sem fim

Cada carro que passa

Cada pessoa que fala

Sinto como se minha cabeça rolasse a estrada

E tudo o que sinto desaparece

E a morte envelhece

Assim como os bons momentos

E o tempo?

O tempo me mata pouco a pouco

Como estar no mar caindo no sufoco

Meus pesadelos voltaram

E toda noite eu sou frio

Acordo assustado sem um consolo gentil

E meus olhos estão cada vez mais roxos

E às vezes as 3 da manha o que encontro é um copo

De rum ou cabé

Que me fazem voltar pro sono de forma até que boa

O problema

É que eu sempre acordo e sempre volto

O mesmo dia a dia

A mesma fadiga

A mesma falta de alegria

Matheus Augusto Buarque
Enviado por Matheus Augusto Buarque em 02/03/2017
Reeditado em 26/10/2017
Código do texto: T5928357
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