Ossos do ofício

O tempo passa (como num moinho)
moendo as carnes, as feições,
os semblantes, os rostos...
tornando indistintos corpos e natureza...
aos poucos, só restando ossos,
mas esses ossos não podem
nos tornar melhores... só a carne...

O osso é inumano?
É... o osso é nossa parte mineral...
minérios de ferro, manganês,
magnesífero, metalúrgico...
o homem de aço, Superman...
não, a caveira do Justiceiro...
ou a do Fantasma...

O osso (e só o osso)
nos aproxima da mineralidade
como só uma planta é capaz
de se aproximar do solo...
mas porque? Nenhuma razão especial,
só por serem os últimos
ao apagar das luzes...

E o tempo passa como um triturador
torcendo e destorcendo o que
temos de duro, sólido...
faca na caveira da polícia...
não há poesia no osso,
só essa constatação: vida e morte
são os ossos do ofício...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 04/04/2017
Código do texto: T5961600
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