Anedonia
Anseio à finitude
Pois a existência já não produz reforço
Aspiro à devastação
Pois o início foi por demais turbulento
Contraponho-me à vida
Pois a ela não pertenço
Fui amaldiçoado por Deus
Pois o fardo é o mundo inteiro
Quero uma bala em minha cabeça
Para que finde o sofrimento
Mesmo que finde todo o resto
O vazio é suficiente
Vocês jamais entenderão
Se não pela experiência
Pois as enfermidades da alma
Não competem à ciência
E a dor não é explicável
Só revela-se a quem aflige
É a face obscurecida
Que sorri aos miseráveis
Que corrói corações partidos
Pinta de preto a pena do poeta
Que escreve em sua alma soturna
A descrição exata de seu tormento