Anedonia

Anseio à finitude

Pois a existência já não produz reforço

Aspiro à devastação

Pois o início foi por demais turbulento

Contraponho-me à vida

Pois a ela não pertenço

Fui amaldiçoado por Deus

Pois o fardo é o mundo inteiro

Quero uma bala em minha cabeça

Para que finde o sofrimento

Mesmo que finde todo o resto

O vazio é suficiente

Vocês jamais entenderão

Se não pela experiência

Pois as enfermidades da alma

Não competem à ciência

E a dor não é explicável

Só revela-se a quem aflige

É a face obscurecida

Que sorri aos miseráveis

Que corrói corações partidos

Pinta de preto a pena do poeta

Que escreve em sua alma soturna

A descrição exata de seu tormento

Rafael Gonçalves
Enviado por Rafael Gonçalves em 12/10/2017
Reeditado em 29/11/2017
Código do texto: T6140086
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