INTERVALO (para Manuca Almeida)
A vida é pingo de luz
luzindo em noite pagã,
é vaga-lume e se esvai
diante da luz da manhã.
Viver é cumprimentar,
dizer "bom dia" e partir;
é tão finito o caminhar,
quanto infinito o existir;
viver é dependurar
momentos bons num varal,
vê-los ao vento, cantar
contos de doce e de sal;
É cromatismo chinfrim
e toda nota vai passar;
num certo intervalo, enfim,
a nota há de repousar.
A vida há de repousar...