"Adeus ao meu pai"

Podem até tentar dizer qualquer coisa, mas esta tal morte é coisa esquisita. Há muitas teorias e discursos ensaiados, mas a dor é inevitável e será implacável na medida do quanto amamos quem se foi. Não há consolo suficiente para amenizar o desatino que me arremete ao limiar da loucura, não há. O que emerge é uma tristeza em profusão desmedida. Acontece com os outros, mas parece que nunca vai acontecer com a gente. Já assisti muitos enterros e já fui à muitos funerais, mas sempre foi inimaginável o do meu querido pai. Para mim ele era invencível e eterno, e a morte seria sempre driblada, mas na realidade a história não é bem assim... ...nascemos, chegamos à este mundo com a certeza de que um dia vamos morrer, sim morrer. Poderão adjetivar isto da maneira como bem entenderem, mas deixar de viver é deixar de estar presente, é não mais ser visto, é não mais tocar e ser tocado, podem tentar florear este momento com poesias, mas nada maquiará a face sofrida de quem sofre na carne todo este martírio desmedido.

Morrer será sempre morrer, e o que resta será apenas o subjetivo. Nunca mais o calor, nunca mais a voz, nunca mais o sorriso, nunca mais o cheiro, nunca mais o convívio, aahhh esta morte é mesmo terrível. Traz consigo o mais profundo suspiro, e uma amargura que nos arrebata à beira de um grande abismo, todavia intransponível. Resta apenas que o tempo cicatrize esta tremenda ferida exposta, aplaque e alivie esta dor que parece não ter fim. É indescritível; é imensurável; é indizível; é no fim de tudo o fim. O ponto final de uma história que jamais será esquecida. É a minha história, a minha vida, molhada pelas salgadas lágrimas de uma despedida. O adeus ao meu pai... O aceno mais dramático e confuso nesta viagem só de ida. E eu não fui com ele... Ele não está mais ali, ele se foi... O meu já saudoso pai, o Pastor Darcy.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 14/11/2017
Reeditado em 14/11/2017
Código do texto: T6171551
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