Em meu vazio eu sigo a viajar

Em meu vazio eu sigo a viajar

Tal qual corsário em negro mar

Ao léu, sem norte indo a esmo

Caindo rudemente no inferno

Alheio as ilusões do mundo moderno

E olhando a pior parte de mim mesmo

Desprendido de tudo o que equilibra

Louvando a morte, a deterioração da fibra

O empalidecer da pele realçando os ossos

Toda essa miséria que a vida oculta

Desdenho a vida,lânguida labuta

E anseio as sombras de profundos fossos

E perdido eu me reencontro nos subterrâneos

Espelhando minha alma em macabros crânios

E na podridão dos seres que rastejam

Mergulhado em tudo o que apodrece

É neste breu que meu corpo resplandece

Em meio as carcaças que os vermes festejam

E ao retornar a baixa sociedade

Sufocando-me em claustrofóbica grade

Em falsa imagem e palavras vazias

De governo imoral e leis inúteis

Onde os tolos se unem em sonhos fúteis

E se embriagam em doces hipocrisias

E logo se reduz tudo em fumaça

Os vivos louvam aquilo que passa

Iludidos em delírio, em sonhos

Cegos que não enxergam a verdade

Eu vou trilhando lúgubre obscuridade

Vendo a realidade, o que há de medonho

E em breve tudo aquilo que tu ama

Há de ser consumido por esta chama

Pomos toda a esperança em coisas mortas

E em amargura nos pomos à regar a terra

Pranteando os filhos que a morte enterra

Ou sendo mais um corpo nessa negra horta

Thiago Araujo
Enviado por Thiago Araujo em 17/03/2018
Reeditado em 17/03/2018
Código do texto: T6283014
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