Elas costumavam brilhar
Deixe-me falar como passam os dias...
Acordo mais uma vez,
O despertador insistiu muito,
O quarto é vazio,
Parece maior.
Eu não preencho sozinho o vazio que há na cama,
Quando percebo já estou no trabalho,
E em meio a todos os fatos que vem acontecendo comigo,
Esse é o que me deixa feliz,
Não deixa lacunas dentro de mim,
Mas ele acaba ao fim do dia, e quando acaba eu apenas ando,
Apenas vago sobre o planeta,
Não escuto nada,
Nenhuma tecla,
De piano algum,
Apenas sua voz,
Sinto sua presença,
Com muito esforço me desvencilio de você,
Tiro-lhe da minha mente por um pequeno período, é claro,
Pois sei que ao entardecer irei adormecer e então haverá aqueles malditos sonhos,
Onde você sempre faz o mesmo:
Rouba-me o que eu tenho de mais precioso,
Delas, só tenho as marcas,
Que insistentes permanecem no meu corpo,
Você não as vê,
Certamente não recorda de quando eu sonhava e voava alto,
Estou mentindo ?
Era divino,
Eu achei que você podia...
Que você sequer me deixaria cair,
E me enganei,
Algo aconteceu enquanto voava,
Quando abri os olhos descia numa grande velocidade em direção ao chão,
E quando estava prestes a toca-lo tentei usa-las...
Minhas asas,
Eu tentei,
Mas foi em vão,
Eu estava caído,
Com a visão embassada,
Vendo seu vulto me deixar,
Gritos de desespero e sofrimento saíram pela minha boca quando vi suas mãos sujas com meu sangue,
Você quem as arrancou de mim,
E as carregava consigo...
Minhas asas eram lindas,
Precisamente quando eu as abria.