Elas costumavam brilhar

Deixe-me falar como passam os dias...

Acordo mais uma vez,

O despertador insistiu muito,

O quarto é vazio,

Parece maior.

Eu não preencho sozinho o vazio que há na cama,

Quando percebo já estou no trabalho,

E em meio a todos os fatos que vem acontecendo comigo,

Esse é o que me deixa feliz,

Não deixa lacunas dentro de mim,

Mas ele acaba ao fim do dia, e quando acaba eu apenas ando,

Apenas vago sobre o planeta,

Não escuto nada,

Nenhuma tecla,

De piano algum,

Apenas sua voz,

Sinto sua presença,

Com muito esforço me desvencilio de você,

Tiro-lhe da minha mente por um pequeno período, é claro,

Pois sei que ao entardecer irei adormecer e então haverá aqueles malditos sonhos,

Onde você sempre faz o mesmo:

Rouba-me o que eu tenho de mais precioso,

Delas, só tenho as marcas,

Que insistentes permanecem no meu corpo,

Você não as vê,

Certamente não recorda de quando eu sonhava e voava alto,

Estou mentindo ?

Era divino,

Eu achei que você podia...

Que você sequer me deixaria cair,

E me enganei,

Algo aconteceu enquanto voava,

Quando abri os olhos descia numa grande velocidade em direção ao chão,

E quando estava prestes a toca-lo tentei usa-las...

Minhas asas,

Eu tentei,

Mas foi em vão,

Eu estava caído,

Com a visão embassada,

Vendo seu vulto me deixar,

Gritos de desespero e sofrimento saíram pela minha boca quando vi suas mãos sujas com meu sangue,

Você quem as arrancou de mim,

E as carregava consigo...

Minhas asas eram lindas,

Precisamente quando eu as abria.

Dione Coimbra
Enviado por Dione Coimbra em 25/06/2018
Reeditado em 23/09/2018
Código do texto: T6373987
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