Diálogo com quem te quer mais bem

Novamente me encontro contra o papel,

Novamente me encontro de olho no meu anel,

Novamente estraguei o doce mel,

Queria que fosse borracha e não pincel,

Mais um dia de luta e dia de derrota,

Que se bate a cara numa porta,

Que escreve poesia morta,

O quanto antes me faz uma pessoa torta,

Parabéns, conseguiu mais uma vez,

Por sua vez,

Estragou mais um momento,

Seu horrendo,

Aproveite seu desfalecer lento,

Pois eu tento,

Eu te aguento,

Não sei se sou mestre ou instrumento,

Quem dIsse que poderia ser alguém?

Você nunca foi ninguém,

Pois de você mesmo é refém,

Cai, não se contém,

Consiga anestesia no além,

E além dizer,

Que nada poderá fazer,

Faz parte do seu ser,

Sempre se entristecer,

Vai se render?

Tá machucando,

Está se acabando,

Parabéns pelo canto,

Pois foi deixado de canto,

O silêncio que tanto ama te alcança,

Essa é a mortal dança,

E ela nunca se cansa,

Eu escrevi pra não olhar pro vidro espelhado,

Não quero ver o que todo dia me é tomado,

Prefiro viver angustiado,

Que ver tudo que me é tornado,

Resolveu como nunca deveria resolver,

Será que ela vai querer te ver?

Depois de tudo, quer descer?

Quem é esse ser?

Tudo que posso ajudar é mostrando quem te acolheu,

O passado morreu,

O presente você mereceu,

O futuro é inimigo seu,

Quem foi que te acolheu?

Você quis,

Está feliz?

Mas mesmo assim eu acredito que ela voltaria,

Que ela ainda me quereria,

Quem é você com essa heresia?

Sinta o gosto dessa anestesia,

Pois cada minuto é uma morte diferente,

Só fingir que não está doente,

Mantenha-se sorridente,

Deus vinga todo filho insolente,

Mesmo que ele tente,

Então agradeça,

E não desapareça,

Novo homem, nova fé, nova crença,

Mas eu sou aquilo que te prensa,

A chuva que condensa,

Pois é situação tensa,

Então pensa,

O único que te conforta,

Que se importa,

Que não tem volta,

Fingindo que não te inforca,

Te informa,

Espero continuar brincando com sua mente morta,

Tenta a sorte,

Não que eu me importe,

Pois você segue ao norte,

Do seu fiel amigo, Morte,

Não importa se você se machucar,

Se você se quebrar,

Se sozinho ficar,

Se lutar,

Se souber lidar,

Não vou te odiar,

Estou aqui pra ficar,

Sou o único lugar para que pode voltar,

Cabe você a extender ou encurtar,

Basta tentar,

Ela sempre vai te amar,

Então pra que chorar?

Saiba seu lugar,

Saiba se portar,

Pois isso é sacrificar,

Perca sua originalidade,

Não há dificuldade,

Se diminua a vontade,

A vida cobra mais tarde,

Seja quem for,

Até quem não quiser ser,

Pois com todo ardor,

Sozinho você vai morrer.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 02/01/2019
Reeditado em 02/01/2019
Código do texto: T6541045
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