Vida

De trás das paredes de meu quarto úmido

De trás das grades enferrujadas que mantém longe da liberdade

De trás de meu cativeiro, consigo observar aquilo que a vida não me tirou:

O sol.

E é nele a vida apresenta seu diário espetáculo.

O canto dos pássaros

A brisa do vento

O trovejar de nuvens escurecidas

E a chuva

Tão meros atores desse triste espetáculo mantém em mim acesa a chama da esperança

A de que um dia sairei e verei o mundo

De que serei feliz

De que vou sorrir outra vez

Preso em meu cárcere e abosorto por esses pensamentos

A vida que me brinda é a mesma que me trai.

Anos se passaram, a expectativa de um homem de 30 e poucos anos ainda resiste com o mesmo vigor

O homem que um dia fora criança

Que um dia brincara com seus amigos

Agora é um velho que não percebe que envelheceu

Em seu último suspiro

Leva consigo a esperança de sentir:

O sol queimando sua pele

A chuva molhando seu corpo

O vento soprando em seus cabelos

E os pássaros cantando em seus ouvidos

Mas ao fechar os olhos a escuridão se apresenta

Nela não há lembranças

Nem expectativas

O vazio eterno e a não existência de nada se tornam sua realidade

Assim é a partida de que não viveu o que sonhou

De quem cresceu e se frustrou

De quem ergueu sua prisão e viu a vida passar

Seu descanso? Não há

Sua eternidade? Não existe

Parte como foi a Terra um dia:

Sem forma e vazia.

Bonilha
Enviado por Bonilha em 18/12/2020
Código do texto: T7138640
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