Três Mortos Fotografados(Poema 1)
Três Mortos Fotografados
Em quarto fresco, límpido, iluminado, resplandecente
Com um sol de verão ascendente, o ar perfumado
De maravilhas odorosas preenche todo o quarto.
No centro do quarto três figuras rígidas deitadas
Em cama antiga... Suas faces pálidas, os olhos cerrados,
As mãos postas sobre o peito revelam seu estado atual.
Dois homens e uma menina jovem, de alourados
Cabelos, pele de marfim delicado e sutil... A atmosfera
Mortuária não é mais que uma forma comum do dia.
Flashes disparados nas faces mortuárias, ângulos
Posicionados em cada centímetro do quarto, quadros
Desenhados no corpo e nas faces cadavéricas, murmúrios
De Vida e Morte se entrecruzam no dia de esplendoroso
Clima, os três mortos não mais sussurram em linguagem
Decifrável, antes sua linguagem pertence aos domínios mortais.
Nas dez fotos cada quadro é uma nova foma de ver
A pose do cadáver como um fato iminente de susto...
Cada posição em pé ou deitado dos cadáveres é
Pequena forma de magia escurecida, tenebrosa,
Horripilante... Nas fotos mortuárias aquelas almas
Já libertas do casulo são agora os motivos mórbidos
De uma sociedade que vive a morte como uma
Realidade presente, mas esquecida de levar a morte
Para o caminho que lhe é devido: o total respeito ao cadáver.