De Braços Abertos
Quero aprender a voar,
Quero saltar do sétimo andar
Sem pensar no fatídico momento
Da ruptura de cada ligamento
Minhas entranhas pararão de doer
E meus parentes hão de entender
Meu poço é mais fundo do que parece
E minha maldição nunca me esquece
Mas em segredo de confissão,
Temo o instante em que eu tocar o chão
Envergonhada, gritar por socorro em vão
Mais do que o alheio, ou o divino sermão
Eu bem que gostaria de viver sim,
Em um mundo que não existe
Liberta do meu semblante triste
E um pingo de paz houvesse em mim
A vida, para uns, é uma dádiva
Para mim, é uma coroa de espinhos
Que inspira apenas a minha lástima
Coloca meu estômago em redemoinhos
Não quero mais continuar viva
Apenas para seguir respirando
Por medo de morrer, continuar cativa
Escorada nas paredes, lamentando
O abismo está logo ali
E espera a todos os que estão aqui
Aceito o desafio e pulo!
Pois, essa vida, não mais engulo
Como boa ave suicida,
Quero alçar meu último vôo
Apagar, de vez, meu nome da vida
E desse mundo que me dá enjôo