Levanto-me sem saber quem sou

Levanto-me sem saber quem sou,

Nesta casa estranha, neste lugar sem cor.

A última lembrança que me restou

Foi o ato de respirar com ardor.

Mas agora não respiro, não há ar a me envolver,

Como se meus pulmões tivessem se esvaído,

Como se meu corpo, em desvanecer,

Se tornasse um vulto esmaecido.

Estarei morto, será essa a verdade?

Uma alma translúcida se aproxima de mim,

Prometendo mostrar a realidade da eternidade,

Revelando minha vida, meu destino enfim.

Vejo diante de mim, em um giro surreal,

Minha existência marcada pelo ódio e dor,

Assassinatos que mancharam meu ideal,

Orgulho nenhum, apenas um sentimento de torpor.

Não sei por que me tornei tão vil,

Preciso redimir-me, buscar a salvação,

Mas a alma estranha me diz com perfil:

"Em outro mundo estás, sem pecado ou perdão."

Nesse plano onde erros não existem,

O ciclo das almas segue seu curso,

Sem culpa ou remorso que persistem,

Apenas a jornada, sem pecado imerso.

Para reencarnar e ser alguém diverso,

Devo aceitar a redenção no coração.

Porém, minha escolha é permanecer imerso,

Pagando assim por minha vil transgressão.

Decido ficar, pagar por meus atos impuros,

Recusando o retorno ao mundo dos vivos.

Vagueio sem rumo, em penumbra e murmúrios,

Uma alma solitária, em um destino furtivo.

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Esse poema foi publicado no livro "Coletânea de poetas Brasileiros 2024 II".

O livro está no site:

https://www.editorapersona.com/loja

LucasAlexandre
Enviado por LucasAlexandre em 13/03/2024
Reeditado em 13/03/2024
Código do texto: T8018821
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