As gotas do Natal

Os sinos tocam

O vermelho impera

Sons tristes e negros é o que eles me lembram

E o verão esbofeteia o rosto dos que preferem a primavera

O ar e o sopro do "acabou"

Os duendes do Natal que gritam que pra sempre vai ser assim

Se findou mas um ano e o belo passou

Beijou as entranhas mas depois bradou o fim

As lágrimas que rolam constantemente

São as gotas do Natal

Que como fel invadem o ser sorrateiramente

O amargo rói e mancha a pele onde os olhos vêem escrito o final

Um dia após o outro

Enquanto os sorrisos são ouvidos lá fora

Dentro da caixa perecível um coração escorre pouco a pouco

As gotas se espalham e caem no ponteiro triste que perdeu a hora

O teatro natalino

A fartura em algumas mesas

Que contrastam com o garoto de braço fino

Quem nem tem mesa e dia a dia conversa com a incerteza

As gargalhadas do "bom velhinho"

Que é o principal personagem do filme de terror

Que passa em minha mente e estranhamente de mansinho

Grita com sua voz metálica o que aumenta meu pavor

As gotas do Natal

São as pérolas que enfeitam minha ceia

Que me tocam e fazem eu pensar no mal

Que faço a mim mesma tendo esperança na felicidade mesmo com os devaneios que a permeia

Perde-se o sentido da data

Que paralisa os que se dizem cristãos

E as gotas continuam a dizer que sou ingrata

E que serão o tesouro eterno que cultivei e guardei nas mãos