UM POEMA DE NATAL

O menino pobre espera
que Papai Noel se lembre dele
e ponha algum brinquedinho
ao lado de sua cama.
O menino pobre não dorme,
mas sonha com um carrinho,
ou mesmo uma bola de plástico,
um par de sapatos,
um pedaço de pão.

O menino pobre sabe
como é o Papai Noel:
é um velhinho gordo,
de roupas vermelhas, corado,
exalando saúde
e risos.

Mas o menino pobre pensa
que Papai Noel pode não entrar,
ao ver a casa velha.
Ou, ao passar pela cozinha
e notar as panelas vazias,
pode não querer deixar
um presente para o menino.
E pode até ralhar
com o pai e a mãe do menino,
perguntando por que
eles não dão comida ao menino,
pois lá se foi ele se deitar
sem ceia, sem jantar,
sem nada a preencher sua barriga.

É noite de Natal!
Nos filmes, todos se abraçam,
e se beijam, e correm para a mesa,
e partem o peru assado,
enquanto ao fundo soa
a melodia de "Noite feliz".
Mas o menino foi deitar cedo,
seus pais já estão dormindo,
e o menino com fome,
só lhe resta sonhar,
com um carrinho,
com uma bola de plástico,
um par de sapatos,
um pedaço de pão.

O menino não dorme.
Atento a cada som,
a cada sombra em movimento,
a cada tique-taque
no velho relógio.
Papai Noel existe
e sempre vem,
assim é nos filmes!

No outro quarto,
o silêncio sufoca
as lágrimas de um casal.

Papai Noel está longe!
Nos condomínios de luxo,
nos shoppings,
vendendo alegria
em doze vezes
no cartão de crédito.

E Jesus, esse desconhecido,
passa por entre os homens
vestidos em roupas caras,
mas quem O vê?
Lá vai Jesus apressado
para a casa do menino
que espera Papai Noel
e foi se deitar
de estômago vazio...