LEMBRANÇAS DE NATAL

por Regilene Rodrigues Neves

Andei ilhas de sonhos

Feito criança andarilho de natais...

Pelas vitrines vislumbrei brinquedos

Que nunca brinquei... Mas nos meus olhos

Eram viagens de magias vindas em nuvens de fantasias

Num dia encantado de ilusões...

Trazendo para mim Papai Noel em noite de Natal

A ele eu abraçava meus sonhos de criança

Uma casa linda para minha querida mãe

Junto a uma família amada

Toda enfeitada para esperá-lo

E a árvore de natal mais linda reluzindo toda ela...

Meus pedidos todos enviados

A espera de por ele serem encontrados...

E assim esquecesse minha realidade...

Um pai alcoólatra que vivia espancando minha mãe

Querendo matá-la com meus irmãos

Sem nem mesmo ele saber por quê

Numa fúria vinda do além

Fazendo-me encolher e me esconder dos seus maus tratos

Incompreendidos nos olhos de uma simples criança...

Na nossa humilde casinha na beira do córrego

Faltava comida, faltava roupa, calçados

E sobravam sonhos...

Na lembrança...

As lágrimas choradas em silêncio da minha mãe

Nas noites varadas numa máquina de costura

Para matar nossa fome...

Sete vidas daquela barriga de amor

Criou-nos numa trajetória de dores

Desafetos tragos em herança

Também de menina sofrida

De um passado sem presente nem futuro...

No seu olhar as marcas do tempo

Um colar de sofrimentos envoltos

Num corpo maltratado

Numa alma cheia de escoriações...

Somente Deus era o apego

De uma esperança ano após anos

Crescendo entre dores e sofrimentos...

Mas o amor todos os dias era servido

Alimentando-nos de caráter e humildade

Em arrimo de forças extraídas do coração

E a Fé esgotada nas orações da minha amada mãe

Não me deixavam deixar morrer a esperança

Acreditava que dali Papai Noel iria me levar

Em seu trenó e renas de quimeras...

Assim o natal acolheu-me por anos e anos

Da minha infância adormecendo minhas noites

De esperados natais onde não houvesse dores...

Nem fome nem maus tratos e sofrimentos...

Desejava que nos corações dos adultos: Papai Noel

Trouxesse de presente mais Amor!

Sem injustiças de guerras interiores e exteriores

Maltratando mães e filhos...

Que o mundo adulto compreendesse mais Fé

Para que o ódio não se propagasse assim entre nós...

Para que hoje eu tivesse uma ceia de Natal

Para servir aos meus filhos transbordando de riquezas

De amor e fraternidade e que o alimento do espírito

Fosse maior que o da matéria

Para que todo universo ficasse colorido

De rojões de Felicidade

E as famílias se juntassem

Em certeza de Deus entre os homens perdidos de Fé

Para que meus sonhos não fossem

Uma vã ilusão dos meus desejos...

E todas as crianças ganhassem o mesmo presente de Papai Noel

Um lindo Natal para todos os irmãos renascidos em Jesus

Igualdade... Fraternidade... Amor... Saúde e Paz

Estendidos em abraço do amor de Deus!

PERDOEM-ME ESSE POEMA TRISTE NUMA DATA TÃO MARCANTE PELA MAGIA ENVOLVIDA, É QUE APESAR DE JÁ TER VENCIDO MUITOS DESSES INFORTÚNIOS, AINDA PAIRA NA MINHA ALMA TRISTEZAS GUARDADAS DA MINHA INFÂNCIA QUE NESSA DATA TÃO CHEIA DE FANTASIAS E SONHOS REMETEM-ME A ESSA MELANCOLIA...

Em 21 de dezembro de 2006