Entre operários e versos

Onde estão meus versos?

Quando tudo se vai e fica a mercadoria

Fica um olhar amargurado

E a fome de todos os dias

Fica a mendicância perdida na lembrança

Dentre uma massa supérflua em agonia

Fica a mercadoria circulada

Humanidade desumanizada

Onde estão meus versos?

Dentre uma massa supérflua de mercadorias

Mercadoria impedida de vender

Mercadoria impedida de viver

Onde estão meus versos?

Estão confinados, separados

Sem nomes, sem registros

Meus versos estão perdidos

Onde estão meus versos clandestinos?

Quando piscam as luzes e batem os sinos

O natal de quem precisa vender

O natal de quem precisa viver

Onde estão meus versos ambulantes?

Quando não se tem o que vender

Estão na esperança monetária, prostituta

Se desdobrando para viver

Onde estão meus versos injustiçados?

Quando saltam-se números para contar uma vida

Saltam-se lágrimas nos olhos

De um analfabeto uma escrita

De longe vejo meus versos...

Viva os operários!

Eis a esperança da matéria humana

Pura liberdade, bela sabedoria

De quem não sabe de nada.

Fabiana Alcântara
Enviado por Fabiana Alcântara em 29/12/2011
Código do texto: T3412630