A ti, Senhor.

No Natal que se faz do sorrir da criança,

Hoje, é pra ti o presente, Senhor,

As palavras que seguem, fiéis servidoras,

São brinde a teu nome, rascunho do amor.

Foste modelo, um exemplo a seguir.

Alívio inefável aos corações.

Mas nós, que fizemos em anos e anos?

Que dizem de nós nossas ações?

Nós cobramos-te paz; tu mostraste a caridade;

Nós tantas vezes mentimos; tu foste sempre a verdade;

Nós, egoísmo e orgulho; tu, humildade e grandeza;

Nós, fugitivos da luta; tu, força e certeza;

Nós te pedimos ajuda; tu nos guiaste em teus passos;

Nós, cansados, paramos; nos carregaste em teus braços;

Nós duvidamos da fé; tu oraste por nós;

Te abandonamos à morte; nunca deixaste-nos sós;

Nós, em trevas, choramos; tu nos trouxeste à razão;

Nós te julgamos errado; tu pregaste o perdão;

Nós reclamamos das dores; tu suportaste a cruz;

Nós tentamos ser muitos; tu foste um só: Jesus.

Sigo faltoso, hesitando o chamado,

Fazendo desta outra existência perdida.

Te dou apenas palavras, mestre,

Enquanto nos deste a vida!

Mas hei de erguer-me nessa hora,

Para dizer, na velhice do corpo, que, enfim,

Ante a lembrança dos tempos de agora,

Não fui eu que vivi, mas o Cristo que viveu em mim.