SÔBRE O VENTO!
Sou filho do Mar e de Iemanjá!
Sou como o vento
Aquele que sopra nas manhãs,
Da terra para o Mar...
Vou até a linha do horizonte,
Lá no fim do mar aberto...
Estou trabalhando...
Tenho a missão de levar
As jangadas para o seu mister...
Sou aquêle que sopra em suas velas,
E comigo lá vão elas, flôres brancas,
enfeitando o azul do mar!
Vão em busca do alimento...
E sou eu mesmo que
no fim da tarde ou de noite,
Sopro de novo, desta vez,
Do mar pra terra,trazendo de volta as jangadas,
Os pescadores, com seus peixes, seus sonhos,
Seus anseios, suas alegrias e dores
De volta para casa, para seus amores...
Gosto muito de soprar rápido!
Levantando as saias das mulheres...
E, sorrio quando elas surpreendidas,
Após abaixá-las, sorriem também...
Gosto mais ainda, de soprar
Alvoroçando-lhes os cabelos...
Só para vê-las cuidadosas,
Alisando seus novelos,
Para enciumado, vê-las conferindo,
Se está tudo certo, tudo arrumado...
Com suas madeixas alinhadas,
Mirando suas belezas nos espelhos...
Gosto muito de soprar nas folhas da mata!
Em especial, nas folhas das palmeiras,
Gosto do seu cantarolar,
E, Quando elas ouvem atentas,
O meu contra-canto, em forma de assobio...
Ficamos todos, horas e horas a fio, Nos ouvindo nesta canção,
Neste meigo e gostoso desafio.
Sou filho do Mar e de Iemanjá!
Sou como o vento
Às vêzes, sou leve brisa!
Cheio de carinhos, bem de mansinho,
Venho ver o meu amor, que dorme...
Acordo-a com leve beijo,
E, a vejo, no seu sono...sonhar...
Logo após, retiro-me bem devagar,
Sigo na direção do alto mar...
Sou filho do mar e de Iemanjá!
Sou como o vento!
Não tenho patrão nem dono!
Sigo viajando, pelo mundo afora!
Sem dia e sem hora,
Nem para ir, nem para chegar!
Adoro caminhar!
Então cumprindo minha sina,
Vou seguir andando...
Amigo! Adeus, até um dia!
Até mais ver...até lá!
Sou filho do mar e de Iemanjá!
Não tenho dia nem hora!
Sigo o meu tempo...
Vou vagando ...só vagando
Sou filho do mar e de Iemanjá
Sou eu o proprio VENTO!
jorê