As pedras de setembro

Á noite,

quando choveu,

Maria chorou e jogou sal no tempo.

A água fria, que caiu das nuvens,

regou os campos secos.

Em seguida,

Pedrinhas de gelo

bateram descompassadas no telhado,

assustando os pássaros aninhados no beiral.

Os eucaliptos finos foram quebrados,

e as árvores velhas foram desgalhadas,

pelo vento forte que soprou.

Os sapos, que estavam escondidos,

saíram da lama e foram comer os besouros

que caiam ao chão após rodearem as lamparinas.

Choveu tanto que:

surgiu rio onde não havia rio,

depois,

cresceu lodo sobre pedras lisas,

nasceram flores onde ninguém havia jogado sementes,

ramas de mandioca brotaram na terra,

e o sol demorou um mês para secar o solo encharcado.

Quando amanheceu,

Maria tornou a chorar

ao ver as abóboras marcadas

e os mamoeiros despedaçados,

pelas pedras de setembro.

Valdecir Ravazi
Enviado por Valdecir Ravazi em 27/07/2011
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