O Andarilho

O andarilho desde cedo, esta pelas ruas a vagar

Esta pelas montanhas, esta pelo deserto

Esta contemplando o céu, a terra, as árvores e o mar

O andarilho não se preocupa

Não sabe aonde quer chegar

Seu transporte são as pernas, seu desafio ? Se equilibrar

Ele anda de dia, anda de noite, quase não dorme

O andarilho tem dinheiro, mas vive como pobre

Pode pagar SPA, hotel e cabelereiro

Mas prefere ostentar uma barba, prefere dredar os cabelos

O andarilho é carioca, mas anda pelo Brasil inteiro

Seu berço é a boêmia, seu templo é o Rio de Janeiro

Seu sangue é o vinho, mas seu corpo não é o pão

Não falo de nenhum carpinteiro, não falo de nenhum pai João

Falo do andarilho, falo do coração

Do coração de quem anda

Anda com a palma das mãos

Que calejadas sangram, sem nenhuma razão

Falo dos olhos sem rumo, da simplicidade sem o desespero

Falo de quem faz fogo com gravetos, falo de quem não precisa de isqueiro

Falo daquele que caminha sem fé, sem expectativa, almejando um café

Falo da vida como um espetáculo de ballet

Sabe como é... Não vou me queixar

Tudo que posso ter, a natureza me da

O andarilho só tem um caminho... Todos

Seu sonho não é se fixar, sonhar para ele é perda de tempo

A vontade é o que o faz caminhar

A vontade de se perder

A vontade de se encontrar

A vontade de se esconder

A vontade de se mostrar

O andarilho faz malabarismo, toca piano, toca bateria

O andarilho faz de tudo um pouco, faz um pouco a cada dia

O andarilho quer explorar... O andarilho quer aprender

O andarilho não quer se formar, o andarilho não quer se prender

Ele quer voar, ele quer aparecer

Ele quer andar

Ele não quer morrer

Helleno de Carvalho
Enviado por Helleno de Carvalho em 28/07/2011
Código do texto: T3123700
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